'Histórias da Várzea': André Moura treina 14 times no futebol amador
Enquanto os técnicos lidam com a constante dança das cadeiras no futebol profissional, André Moura vive uma situação estável na várzea e tem emprego garantido para todo o ano de 2026.
Ou melhor: empregos - e bota plural nisso. Ele é responsável por dirigir 14 times diferentes na região de Campinas, interior de São Paulo.
- Tenho até medo de falar (os nomes) e esquecer algum. São 12 cidades ao todo. Para 2026 eu não tenho mais calendário, não consigo fechar com mais nenhuma equipe - comentou o "professor".
O primeiro episódio da série "Histórias da Várzea", do Globo Esporte EPTV, acompanhou um dia ao lado de André Moura para saber como é a rotina dele em meio a tantos compromissos.
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André no comando do UDV — Foto: Foto: EPTV
Foram dois jogos no mesmo dia. Primeiro, ele comandou o Guarapari em Nova Odessa. A partida terminou antes por causa de uma confusão.
- Na várzea normalmente os nervos são mais aflorados. Mas não é comum terminar um jogo assim em fase de classificação - comentou.
Horas depois, André estava em outra cidade, com outro time e outras cores: UDV Picerno, em Sumaré, pelas quartas de final.
- O estresse é muito grande. tem que ter um nível de concentração muito alto.
André iniciou a carreira à beira do gramado depois que não deu certo dentro das quatro linhas.
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André - treinador de 14 times da várzea — Foto: Foto: EPTV
- Eu era sempre o último a ser escolhido. Realmente jogar bola não é meu forte. Pensa em um cara ruim. Se eu fosse meu treinador, me colocaria no banco - brinca.
São mais de 15 anos de experiência no futebol amador. A alta procura é reflexo do currículo vitorioso:
- Ano passado fui o treinador que mais ganhou títulos na várzea aqui na 019 (referência ao DDD da região de Campinas). Ser considerado um dos maiores aqui da região nos últimos anos s um elogio grande, eu agradeço muito, mas penso que o título mais importante é sempre o próximo.
Entre os momentos mais especiais esteve a conquista com o Esmeraldo, em Santa Bárbara d´Oeste.
- Eram mais de 10 mil pessoas no estádio, rivalidade contra o São Fernando. O Esmeraldo não levantava a taça fazia 10 anos, e o grito preso saiu com um gol no último lance. Jamais esquecerei.
André também trabalha em um escritório de advocacia, mas 70% da renda dele tem origem na várzea. Como também é responsável por montar o time e "contratar" jogadores, ele sabe que a realidade financeira na várzea é atrativa.
- Teve uma vez que eu tive um orçamento de R$ 150 mil para montar o time para um único campeonato apenas. A média é de R$ 300 a R$ 400 que um jogador recebe por jogo, mas tem que jogador que vem por R$ 2 mil, R$ 3 mil sossegado. Isso por partida - conclui André.




