Todo esse processo aconteceu entre 2020 e 2021. Natural do Rio de Janeiro, Ryan sempre foi ligado ao futebol e demonstrava qualidades nos campeonatos de bairro. E foi em um desses torneios que surgiu a oportunidade de se tornar jogador.

"Estava em um churrasco ao lado de um campo de terra. Olhei uma, duas vezes, e me chamou atenção um jogador de meio-campo alto, com passadas largas e que protegia bem a bola”

Esse é o relato de Thiago Rocha, responsável por captar Ryan Guilherme, em 2020. Aos 17 anos, nunca tinha passado pelo processo de “lapidação” das categorias de base e ganhava dinheiro com jogos na várzea. Nascido em dezembro de 2002, iniciou os testes já para fazer parte de equipes sub-20.

O primeiro período de avaliação foi no Atlético-GO. Sofreu uma entorse no tornozelo, que impediu a permanência no Dragão. Voltou ao Rio de Janeiro, para a casa da família, e passou por testes no Boavista-RJ.

No clube, as coisas caminharam bem. Foi aprovado, começou a jogar pelo sub-20 e, pouco após completar 18 anos, estava integrado ao time profissional comandado pelo técnico Leandrão.

- Fomos acompanhá-lo em um coletivo, e ele foi um jogador que nos chamou atenção. O único, no grupo entre 20 e 30 jogadores. A gente solicitou para ele se apresentar ao profissional, e ele teve um entendimento muito rápido da nossa parte tática, além de ter uma parte física que já é natural dele - disse Leandrão, em entrevista ao ge.

Leandrão trabalhou por dois períodos curtos com o volante no Boavista. Depois do Carioca de 2021, o jogador rescindiu com o clube e foi para a base do Fortaleza, retornando por empréstimo no Estadual do ano seguinte. O técnico cita as principais características do jogador, que ainda é acompanhado por ele à distância.

- Não teve base, mas tem conceitos, que são trabalhados, exatamente na base. Uma leitura própria para domínio do jogo. Por isso vem chamando atenção e com uma ascensão rápida. O que chama atenção nele é a maneira como organiza o jogo. Ele pode jogar como primeiro volante, segundo volante ou até como meia, mais próximo dos atacantes.

"Joga de área a área, com uma transição defensiva rápida e bom controle bom de bola. Passada larga, saindo rápido de um cenário de pressão. Isso chama bastante atenção."

Ryan ainda teve uma terceira passagem pelo Boavista, em 2023, além de ter jogado por Operário-PR, Volta Redonda e União de Leiria, antes de chegar ao Cruzeiro com contrato até 2029. Leandrão acredita que a oportunidade em Belo Horizonte é a ideal para que o volante deslanche de vez a carreira.

- Tem perfil para se destacar em um clube grande, e o momento do Cruzeiro é bom para ele demonstrar aquilo que a gente já conhece do Ryan. Como fui o primeiro técnico dele no profissional, fico feliz de vê-lo conseguir realizar um sonho.

"O Cruzeiro é gigante, tem tudo para o Ryan trilhar uma carreira. Tem perfil, tem físico, tática e técnica. Depende só dele, porque tem tudo que o futebol moderno pede."

O jogador está treinando na Toca da Raposa há 10 dias, mas não esteve à disposição contra o Atlético-MG por ter sido inscrito após o início das quartas de final da Copa do Brasil.